quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Como se faz um presépio

Por estes dias de Natal vão-se vendo pelas ruas, lojas, casas, e até exposições organizadas propositadamente para o efeito, uma grande variedade de presépios. Uns maiores, outros mais pequenos, mais ou menos imaginativos, com mais ou menos bonecos, mais bonitos ou mais toscos, da Vista Alegre ao artesão da esquina, vê-se de tudo um pouco. Pessoalmente, adoro esta variedade e ainda não encontrei nenhum presépio de que não gostasse (ou não tivesse eu em casa uma mãe que compete com a primeira dama em número e variedade de cenas da Natividade).
Todos os anos mantém-se a tradição cá em casa de fazer o presépio com pequenos bonecos de barro, com o chão coberto de musgo e toda uma vila Natal que se estende desde o castelo colocado no ponto mais alto até à pequena cabana situada na base da estrutura. Já são mais que muitos os "cachopitos", como a minha mãe gosta de lhes chamar, e por isso o espaço começa a ser exíguo. Este ano mantive a localização habitual, mas para o ano será mudado para um sítio mais amplo.

Bom, vamos ao que interessa. Afinal de contas, como é que se faz o tradicional presépio?

1) A estrutura.
Antes de mais nada é necessário planear os caminhos, os largos, os arraiais, todo o trajecto desde o castelo até à lapinha. Para isso, o mais fácil é usar caixotes de fruta (e os caixotes onde estavam os bonecos também são uma excelente opção). Às vezes há pequenos buracos prontamente cobertos com tabuinhas que não deixam os pequenos escorregar por entre o musgo.


2) O musgo.
Convém que seja fofo, e em pastas maiores. O musgo encontra-se com alguma facilidade em zonas sombrias, húmidas, em pinhais. Quanto mais limpo estiver o terreno, melhor será o musgo. Para o trazer para casa, para evitar que fique sujo, deve ser empilhado com as partes verdes viradas uma para a outra, depois parte castanha com parte castanha (terra e manta morta). Convém também ter por perto um recipiente para ir limpando o musgo de impurezas que possa trazer enquanto se constrói o presépio.


3) Os bonecos.
É a minha parte favorita: desempacotar os bonecos. Normalmente coloco-os todos em cima da mesa da cozinha, agrupados por temas para ser mais fácil depois identificá-los e pô-los no sítio. Escusado será dizer que são já mais que muitos e nem sempre é uma tarefa simples descobrir quem se quer...

 Os bonecos todos. Poucos, não?

O casario. Sem ele o presépio não ficaria completo...

E como não poderia deixar de ser, alguns pormenores dos "cachopitos". É pena que hoje em dia já seja difícil encontrar bonecos tão bem pintados...












4) Finalizar.
E pronto. Agora é só cobrir a estrutura e colocar os bonecos no local. A serradura pode ser uma solução interessante para fazer caminhos sem danificar o musgo. Este ano não pus porque não tinha espaço. Para o ano, de certeza que ficará melhor. E pronto, eis como ficou o resultado final.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Minau à Lareira

Devagar devagarinho...

... o Natal vai chegando.

A árvore chegou e foi enfeitada, e até tem direito a sinos e bolas de chocolate para se ir comendo à medida que se espera por dia 25. A Tita agradece as bolinhas penduradas mesmo à maneira de lhes ir dando umas sapatadas ao jeito de sacos de boxe. É muito bom passar um serão frio de Dezembro junto ao calor da salamandra, mas com as luzes de uma árvore de Natal até parece que a sala de repente fica mágica!


Da árvore passou-se à coroa do Advento, e daí a irmos ao musgo foi um ápice. Um bocado (graaaaaande) sem saber por onde procurar, fomos à procura do Castelo do Giraldo. Afinal de contas, castelo que é castelo tem sempre um bocadinho de musgo lá ao pé...



Do musgo ao presépio foi um vê-se-te-avias. O menino nasceu num estábulo improvisado, e até reis magos apareceram este ano com presentes. Debaixo da árvore espera um embrulho impaciente, desejoso de se revelar a um certo Mafarrico, que (espero eu) começa a perceber que afinal o Natal tem mesmo magia.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Neurose

Adoro o Natal. Mas este ano traz o sabor amargo da crise que monopoliza o espaço que antigamente era reservado para os pais natais vermelhuscos da coca-cola e popotas rotundas que (acho eu) têm um ódio de morte das Leopoldinas anoréticas e esmifradinhas das canelas.
Para o diabo com a crise! Há mais de uma semana que ando desejosa de comprar uma árvore de Natal com enfeites, luzes e tudo aquilo que tenho direito para ao menos ao entrar em casa conseguir expulsar lá para fora tudo o que é pensamento menos luminoso.
E lá fomos nós para uma grande superfície escolher a dita planta (artificial, que o ambiente também não anda lá muito bem de saúde) e todos arrebiques que lhe possa pendurar. Pelo caminho (apesar de já levar uma grande neura em cima) ia-me animando com a ideia de ainda conseguir trazer uma coroazinha para pendurar na porta de entrada.
Primeira paragem: árvores. Não encontrava a que queria. Passei aos presépios. A neura começava a desaparecer e quando cheguei às caixas de música já andava no sétimo céu dos mecanismos de corda e plim plins e comboios e patinadores a passear animadamente à volta de laguinhos de espelho em minúsculas vilas Natal que já me faziam sonhar e voltar a ser criança.

Veio o Velho do Restelo.
Contas feitas, ainda ia ser uma pipa de massa e se calhar os chineses tinham mais barato. E é melhor ir embora que já começava a haver fartura de tanto boneco, bolas, luzes de LED, pinheiros e afins.

E pronto.
O espírito de Natal foi para a Lapónia e eu regressei à Terra fria com vontade de pedir boleia a uma qualquer rena que passasse por ali.
Haja paciência....

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Já soa a Natal

Tinha eu acabado de chegar à igreja, prontinha para começar mais um piccolo ensaio com os piccolos da catequese, fui convidada de forma muito veemente para o cumprimento de uma promessa que envolvia camarões, uma carta de condução e uma certa Rosa Amélia.
Ora, como dois anos volvidos ainda alguém se podia arrepender e a dita promessa não seria cumprida, lá seguimos direitinhos à Figueira. É claro que pelo caminho se ouviu (e cantou, obviamente) alto e em bom som toda uma selecção de músicas de Natal. No fim do almoço toca a ir ver o mar, e cantar todo um espírito que ainda mal se começa a descortinar nas montras das lojas, mas que já ferve no canto e na alma dos ocupantes do Micra Verde de direcção insistida.

E no meio de tanta variedade, descobrimos uma pérola que passo a mostrar. E como dizia alguém, It's beggining to look a lot like Christmas.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Eu e a cozinha

Posso dizer que adoro cozinhar. Odeio é ter de fazer o jantar todos os dias. Ou seja, não gosto de nada que me seja imposto ou que tenha de fazer por obrigação. Ou pior ainda, estar a fazer o jantar e a pensar na pilha de testes para corrigir ou nos powerpoints que ainda tenho para fazer para a aula de amanhã. Também odeio arrumar a cozinha no fim. Mas isso é para outro campeonato.

Voltando à cozinha, descobri um livrinho que basicamente me tem salvo a vida. Foi num daqueles belos dias em que fui aos correios e, entre tanto reformado a pagar contas e receber pensões, não há nada mais que possamos fazer senão ler os títulos que vão aparecendo nos escaparatos à espera que alguém os leve.
"Feito em Casa", de Joana Roque.



Saltou-me à vista o desenho da capa (eu sei que não é assim que se julga um livro, mas os olhos também comem, não é verdade?) e depois de passar os olhos pelas páginas e pelas fotografias, decidi que era boa altura de ser uma boa menina e começar a fazer refeições como deve ser. Perdi a cabeça, e comprei-o. Fácil e prático, e às vezes nem por isso quando a iguaria ou a ocasião assim o exige, passou a ser o meu fiel companheiro na hora de ir às compras buscar coisas para o jantar.
A internet às vezes também ajuda (afinal de contas é como a mercearia da Fatita: tem tudo), mas com tanta receita sobre o mesmo tema, como é que a malta escolhe? Além disso nem sempre há ideias para saber o que procurar...

Seja como for, obrigada Joana. Salvaste-me a vida. E a hora do jantar.

PS - para quem quiser saber mais, a autora tem um blogue  (aqui ) onde continua o excelente trabalho que deu origem ao livro.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bolinho para lembrar os Santos

Fim de semana prolongado (sim, porque eu na segunda-feira não vou à escola), e é tempo de gastar alguns dos muitos ovos que por aqui me andam a encher o frigorífico. Lembrei-me então de fazer o bolo que a minha mãe faz desde que eu me lembro. O cheirinho e o paladar acompanham-me desde a infância, e talvez por isso seja o meu bolo favorito.
É um bolo de iogurte, fácil fácil de fazer (se até eu o faço...) e sai sempre bem. Bom para aquelas tardes de chuva (como estas que se aproximam) em que só apetece um chazinho quente com as amigas ao fim da tarde. E um belo bolinho caseiro para acompanhar. Então cá vai:

Bolo de Iogurte (da Ana Maria, claro)

Ingredientes:

- 1 iogurte de coco (pode ser de qualquer outro sabor, mas este eu acho que é o que fica melhor)
- 4 ovos
- Farinha com fermento (na medida de 3 copos de iogurte)
- Açúcar (3 copos de iogurte também)
- Fermento (1 colher de café bem cheia)
- Óleo (1 copo de iogurte)

Preparação:

Na tigela colocar o iogurte, os ovos e o açúcar. Mexe-se bem.
Depois, adicionar a farinha junto com o fermento e voltar a bater tudo muito bem.
Finalmente junta-se o óleo. Usar a batedeira eléctrica é sempre uma boa opção, pois sobretudo esta parte do óleo é um bocado chata de fazer à mão até se conseguir que o óleo fique todo misturadinho...

Para terminar, é o costume: vai ao forno em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha. Para os maçaricos da cozinha como eu, aqui vai uma dica: o ideal é deixar o bolo cozer com uma folha de papel de alumínio por cima. Depois quando estiver quase cozido tira-se para ganhar cor. Assim fica sempre bonito :)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

No mundo da lua

Com os meus alunos do 7º ano estamos a falar sobre a exploração do espaço. Por isso as únicas imagens que me passam à frente são aquelas todas bonitas do Hubble e afins.
Com tanto calor que tem estado, francamente não me apetece nada trabalhar. Mas lá tem de ser...
Resolvi-me até a criar um blogue todo catita para os meus alunos ávidos de saber um pouco mais sobre estes temas. E assim também me distraio um bocadinho dos papéis aborrecidos que tenho de fazer para a escola.

Blogue novo: http://espacociencias7.blogspot.com

No meio disto tudo, com tanto "espaço" à minha volta, com o calor e vontade para fazer tudo menos trabalhar, a única música que me tem vindo à cabeça é esta:

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

JMJ Madrid - o início

Foi há um ano.
A cruz das jornadas passou pela Figueira da Foz e lá fomos curiosos de ver a mensagem que trazia para nós. Depois de um karaoke bem passado ao ar livre, junto ao parque infantil de Buarcos, deixámo-nos invadir pelo entusiasmo das jornadas e decidimos participar. Foi logo ali que nos inscrevemos e decidimos começar a pensar em arranjar dinheiro para pagar a viagem. Cantaram-se as Janeiras e lá veio alguma ajuda.


Finalmente chegou o dia. E lá vamos nós, Casamenteiros de São Martinho, a caminho de Madrid.
A partida foi cedo, e ainda com os olhos meio fechados vivemos a missa de envio na Sé Nova de Coimbra. Nem queria acreditar. Éramos tantos...
Marcou-me o orgulho estampado na cara dos meus pais por me verem partir ao encontro do Santo Padre, e também por ir entre amigos, um grupo de também lhes é muito querido.
Foi assim que me senti. Uma enviada pela minha paróquia para ir ao encontro do Santo Padre e de lá trazer a sua mensagem. E partimos, no meio de muita cantoria, entusiasmo e alegria.


Madrid? Yo voy. É muuuuita acção!!!!

domingo, 7 de agosto de 2011

Lonjura



"Por que voltas de que lei
Vem este sentir profundo
Por te saber como sei
Me sinto dona do mundo

Por que espada de que rei
Meu amor é fogo posto
És tanto de quanto amei
Que és tudo de quanto gosto

Por este amor que te tenho
Por ser assim como sou
És inferno donde venho
És o céu para onde vou

"Por que voltas de que lei
És tudo de quanto gosto
Me perdi e me encontrei
Nas voltas que tem teu rosto

Por que voltas de que rei
Em meu peito teu desenho
És tanto de quanto amei
Que és todo o mundo que tenho

E de tão rica que estou
Nunca tão pobre fiquei
Por ser assim como sou
E te saber como sei"

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Homesick

Hoje dá-me para isto... É ele e eu.

Chuvas de Verão

Pois é.
Apesar de este ser para muitos tempo de férias, a chuva lá veio estragar a viagem de muitos turistas. Não me importo. O calor que tem estado também não dá para sair de casa, e como não sou propriamente fã de praia, bronze só mesmo o que apanho no caminho de casa para o supermercado (sim, que os gelados ainda não se fazem nas árvores) e vice-versa.

Agora a chuva.
Parece que veio lavar esta neura que me tem assaltado nestes dias. É que se o Verão é tempo de descanso para muitos, para quem é professor contratado é tempo de angústias e incertezas. Para mais neste ano.

Com esta chuva que não pára de cair, acompanhada de uma bela trovoada à maneira, até parece que é Setembro. O meu querido Setembro, de receios passados e esperança no novo ano que inicia. Ainda falta um mês.
Valha-me a chuva para me ajudar a sobreviver até lá.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tardes alentejanas

Não, não é na planície que passo as tardes, debaixo dos chaparros a sonhar com a praia. É em casa, numa paz que faria inveja ao próprio Ghandi.

Hoje em casa tudo dorme. Os bichos cá de casa estão cada um em seu canto a dormir a sono solto. Não se ouve sequer uma mosca. Eu, de volta da última monografia do ano. Nada para me distrair, portanto.

Lanche.
Uma bela taça do fantástico "verdadeiro sorbet" de tangerina vindo directamente do super (mini) mercado da esquina, trazido ontem para uma sobremesa de um jantar que não chegou a ser comida. Pelos vistos o pessoal anda a olhar pela linha. Mais fica.
Sorbet de tangerina e o bolo escangalhado que ontem fiz à tarde e se agarrou todo à forma.
Catita.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Fóssil... vivo?

Acabei de descobrir que o Archaeopteryx... pode bem ter encarnado no meu cão.



Tita


Era uma gata destinada a morrer.
Deixada ao abandono quando ainda nem tamanho tinha para miar, foi salva das ruas de Portel com muita fome, muitas pulgas e um olho com uma infecção prestes a rebentar a qualquer momento.
Quando ao telefone um certo mafarrico me disse que ia trazer tal bicho, ia trepando pelas paredes. Afinal de contas um cão, um gato-cão e uma tartaruga já eram trabalheira que chegasse. Mas pronto, o coração como sempre amoleceu e lá veio a desgraçada.
Desgraçada mesmo.
A somar a todos os infortúnios acima descritos, a pequena (e se era pequena!!!!) tinha ainda uma barriga descomunal, sinal de pouca comida e muitas lombrigas. Lá levou um banho descomunal, inversamente proporcional ao seu tamanho e uma bela tigela de paté wiskas que o Faísca ficou a invejar durante muito tempo.
Ficou e cresceu. Chama-se Tita e agora é uma gata que não tem problemas nenhuns em trepar pelas calças acima a pedir comida ou em rosnar a quem quer que se aproxime do seu prato da comida. O olho ficou (quase) normal e o passatempo favorito é brincar com o gato no meio dos arbustos de buxo no quintal. Tem uma cauda super comprida que enrola na ponta como a dos macacos e passa horas sozinha em lutas de morte com as tampas das garrafas de água.
O que é certo é que não me apetece nada trabalhar e escrever sobre a gata é uma desculpa tão boa como qualquer outra :)

domingo, 10 de julho de 2011

Com um cheirinho a férias. E a papel de impressão.

Voltei.
Outra vez.
Se tivesse 5 euros por cada vez que disse isto, tinha dinheiro suficiente para morrer de diabetes à custa dos swirls de café do dolce vita. Mas pensando bem, a parte engraçada é que de volta em volta mais pareço um fuso de roca. Não interessa. Estou cá outra vez.

As aulas acabaram. Faltam os malfadados relatórios de direcção de turma, de apoios, de AECs, de avaliação da formação que fiz e não me serviu para nada. Tudo feito. Excepto o da formação. Por isso já me cheira a férias.
Num fim de semana mais alargado (coroado pelo ponto alto que foi a missa campal na Barca, com muito sol, rabujices de senhoras que não querem ficar atrás na fila do coro e vento para dar e vender) vim até Montemor. E, como não podia deixar de ser, um pulinho a Coimbra para matar saudades dos meus queridos gelados favoritos (que no Dolce Vita são bem melhores que no Fórum) e dar uma vista de olhos aos escaparatos da Bertrand.

Com a crise já nem a Bertrand é o que era. O pessoal passa, tira o livro, lê o resumo na contra-capa ou então abanca por ali e lê aos bocadinhos sempre que tem oportunidade de se escapar até ao centro comercial. Mea culpa, que eu também fiz parte do grupo. Já lá vai o tempo em que passava os olhos pelos resumos e levava um ou dois livros para casa que devorava em menos de nada. Agora...

Agora pego nos livros e aprecio o cheiro do papel, a beleza das capas e, em muitos, o cuidado da edição. Se o artigo não vende, refina-se a embalagem. Descobri na livraria uma nova forma de lazer: apreciar a beleza física de um livro. Não chegará aos calcanhares do pôr do sol na Figueira, mas tem muito também que se lhe diga.

domingo, 3 de abril de 2011

Tarde de domingo

Adoro as tardes de domingo.
À parte do facto de ter de ir trabalhar amanhã (e ter ainda montes de trabalho para fazer), o sol que apareceu durante a tarde foi a cereja no cimo de um bolo que foi um fim de semana perfeito. O bairro é calmo, as flores começam a aparecer nos jardins (que todas as casas têm, por muito pequenas que sejam) e os pássaros presenteiam-nos com um fabuloso concerto de fim de tarde.
O ânimo para começar a fazer testes é bom, e o trabalho parece estar a render. Catita! Até o Faísca se vem deitar com a cabeça em cima do meu colo para me fazer companhia. Para além dele, dois miaus estendidos no sofá fazem a sua sesta de fim de tarde.
É então que sou surpreendida por um deles, que me ronronou ao ouvido e me deixou com um sorriso de orelha a orelha e o coração mais quente. Miau :)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dias sem sol.

Hoje quando me levantei dei por falta de qualquer coisa em casa.
Do sol, basicamente, que todas as manhãs entrava pela janela do corredor a dar os bons dias a gentes e bichos. Foi o suficiente para começar o dia da forma mais mecânica e menos interessante possível. Acompanhado de um estado de espírito o mais acabrunhado possível.
Valeu-me a companhia da viagem. É o que dá partilhar boleias: há sempre coisas giras para partilhar e coisas parvas para nos fazer rir. Mas hoje foi um dia de profundidade. Entre Ary dos Santos, Vinicius de Morais e Fernando Pessoa, ficou-me a vontade de mudar, de ser maior que eu.
E o mp3 da minha louraça trouxe-me as palavras que ficaram cá dentro a agitar:

"Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. 

Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Back in business

Já lá vai muito tempo desde o meu último post.
Desde então muita coisa aconteceu. Aconteceu o Natal (o grande grande e fixe fixe Natal), o Ano Novo e as Janeiras. Mas uma coisa de cada vez.
Natal.
Na casa em Évora, consegui inspirar algum espírito natalício. Comecei com três figurinhas arrumadas a medo num saco da Casa Milho, mas que o gato descobriu rapidamente e pôs a nu todo o meu plano. No problem. Quando regressei do fim de semana, tinha uma bela surpresa na mesa do terraço: um cesto de musgo. Contentíssima, fui roubar tijolos da lareira e tacos velhos, orégãos das azeitonas e lá montei o meu modesto presépio. Três figuras, mas é melhor que nada. No dia seguinte fui comprar as outras, porque alguém, ao chegar a casa, pergunta "então onde está o resto?". Vindo da boca de quem apregoava aos quatro ventos que não gostava nada dessas coisas, soou-me a música dos anjos. Foi o que quis ouvir, e na entrada, logo ao cimo das escadas, montou-se um belo de um presépio à moda antiga. Faltaram os reis magos, mas no Alentejo os ditos ainda têm cara de quem comeu qualquer coisa estragada. Fica para o ano.
No fim das reuniões, rumei a Montemor.
Quando cheguei a casa a minha mãe tinha 8 presépios novos. Pensei logo: "passou-se de vez". Mas lá bem no fundo, fiquei contentíssima com tanto espírito natalício que reinava por aquela casa. Era presépios, fitas, bolas, velas, luzes, cheirinho a bolos e filhoses, enfim... tudo a que uma filha emigrada no Alentejo tem direito quando chega a casa.
Entre Rafaellos e rapados passaram os dias a voar e chega o Ano Novo.
Do Ano Novo ao início das aulas foi um "vê-se-te-avias" e desde então parece que a casa finalmente começa a ter um ar normal.
Chegou o sofá, fez-se lume na salamandra. Nunca pensei que um sofá fosse motivo para tanto alarido. Até o Faísca e o gato (acho que lhe vou chamar Micróbio) parecem gostar da mudança.
Nos fins de semana em que vou a Montemor, cantamos as Janeiras. Ao frio, com corações quentes movidos a bolachas de manteiga e vinho do porto, regados com a boa vontade de quem abre a porta. Lá íamos de porta em porta, cantando e saltando um refrão aqui e ali, que a noite ia longa e as casas nunca mais acabavam. Ladeira abaixo, escadas acima, seeeempre com muito boa disposição.
Agora falta a organização profissional. Os papéis andam por todo o lado e não há meio de me lembrar a tempo do que tenho para fazer. Valem-me os alunos queridos que tenho, que por enquanto acham só que sou maluca... Devo estar a ficar senil.
Para já, vou-me enroscando no sofá, com as belas mantas que vieram debaixo dos arcos mesmo a tempo de nos precaver da noite fria que se avizinha.
Só tenho uma coisa a dizer: Viva o Sofá! Viva!