quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O sino da minha aldeia


Este sábado fui a casa. A Montemor-o-Velho.
Assim que cheguei e parei o carro, estava a tocar o sino da torre do relógio do castelo, que ainda marca o ritmo dos dias das pessoas da terra. De repente, parecia que nunca saí de lá. Mas ao mesmo tempo que a consciência da partida voltava, deu um aperto cá dentro... E não pude deixar de me lembrar destas palavras que desde então todos os dias recordo, mesmo sem querer.

"Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa.


sábado, 7 de janeiro de 2012

As laranjeiras da minha rua


Na rua que dá acesso à praceta onde moro existem várias laranjeiras que nesta altura do ano estão lindíssimas. Devidamente tratadas na altura da cura e da poda, agora estão carregadinhas de laranjas com cores bem apetitosas.
Contudo, quando nos deixamos levar pela tentação e apanhamos o fruto, depois do trabalho de retirar a casca, deparamo-nos com um sabor azedo e amargo, que não serve nem para fazer sumo.

As laranjeiras da minha rua fazem-me lembrar algumas pessoas que há por aí. Quantas e quantas vezes nos deparámos com alguém tão bonito, tão bem arranjado, tão bem falante, tão de boas famílias e de tão valoroso estatuto social, mas que depois, despojado da sua casca, não tem mais que gomos azedos para dar?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ainda a respeito do novo ano

À procura de calendários para o fundo do meu ambiente de trabalho deparei-me com a seguinte frase:



Logo a seguir, cai-me a seguinte imagem no ecrã:




Em que ficamos?
Não sei. Se calhar as duas complementam-se.

Feliz Ano Novo. Outra vez.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano Novo... vida nova?

Pois concerteza. Pelo menos é o que reza a tradição, e é o que toda a gente deseja.
Este ano parece ser terrivelmente pouco auspicioso. A crise de que tanto se fala desde há uns anos a esta parte parece finalmente ter chegado para ficar. Prova disso são as notícias que vão chegando todos os dias aos nossos jornais televisivos.

Ao chegar a meia noite fazem-se os desejos para o novo ano, tomamos resoluções que não sabemos se somos capazes de cumprir, comem-se as passas e abre-se o champanhe. Nos noticiários do meio dia a criste é esquecida e as imagens das trafulhices e desgraças são substituídas por são substituídas por lindos fogos de artifícios lançados pelo mundo fora.

 E pronto, no dia seguinte a crise voltou a ser a mesma, faz-se a contabilidade dos mortos e feridos registados na operação de Natal da GNR nas nossas estradas e procuramos dietas que nos permitam perder os quilinhos ganhos com os doces do Natal. A vida voltou ao normal.

Creio contudo que há uma pequena luz de esperança que se teima em esquecer. Há uma semana celebrámos o nascimento de um menino que, ao crescer, nos mostrou que o Mundo pode ser bem melhor se deixarmos de ser egoístas, se passarmos a viver com o Amor pelos outros, a verdade e a justiça como bases inabaláveis da nossa conduta.


Acredito nesta mensagem com todas as minhas forças e com todo o meu coração. Está nas nossas mãos mudar o mundo e acabar com a crise.

Por isso mesmo, o meu maior desejo para 2012 é que todas as pessoas da Terra tenham consciência da força que têm, que todos sejamos capazes de abraçar este estilo de vida, dentro de qualquer religião, crença ou ausência dela que cada um de nós possa ter. Que todos possamos ser capazes de fazer deste mundo um sítio melhor para os outros viverem. Que sejamos capazes de ser obreiros da Paz nos nossos corações e no mundo.

Feliz Ano Novo!