quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O sino da minha aldeia


Este sábado fui a casa. A Montemor-o-Velho.
Assim que cheguei e parei o carro, estava a tocar o sino da torre do relógio do castelo, que ainda marca o ritmo dos dias das pessoas da terra. De repente, parecia que nunca saí de lá. Mas ao mesmo tempo que a consciência da partida voltava, deu um aperto cá dentro... E não pude deixar de me lembrar destas palavras que desde então todos os dias recordo, mesmo sem querer.

"Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa.


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